Se o eu de dois mil e dezanove me visse agora… estaria-se a rir porque tive a audácia de dizer que esse ano tinha sido atípico. Mal sabia ele o que nos esperava no ano seguinte.
Passei muito tempo a ponderar se valia a pena escrever esta publicação. Seria a primeira vez, desde do início do blog, que não o faria. O ano foi tão mau para quase toda a gente que me parecia injusto esfregar na cara como foi o meu. Foi mau, sim. Mas aquilo que teve de bom, foi extremamente bom.
Apesar de publicar sempre esta retrospectiva no fim do ano, com esta indecisão acabei por demorar mais tempo não só para a decidir fazer mas também para a escrever. Não sabia que caminho seguir. Não sabia que relato quero queria partilhar (ou aquele que gostariam de ouvir), por isso decidi fazer como faço sempre: falar do bom e do mau porque a vida é assim, preto, branco e muito cinzento.
Apertem o vosso cinto de segurança, que vai começar agora o relato do annus horribilis que foi dois mil e vinte.
Em dois mil e vinte fui a Amsterdão com as minhas amigas, numa das três viagens planeadas para esse ano e a única que se realizou (e por isso tornou-se ainda mais especial). Comprei um Kindle novo. Celebrei o meu aniversário em quarentena (e com direito a três bolos), comecei a escrever o meu livro (desta vez é mesmo a sério), voltei ao ritmo das leituras depois de uma dois mil e dezanove atípico, ouvi muita música, recebi um pedido inesperado e ao qual disse que sim (muito mais sobre isso em breve!), aprendi a tocar ukulele, fui assídua no blog (antes do COVID), houve amor (tanto e tão bom), continuaram a nascer bebés e muitas outras coisas boas que, com o tempo, vão ser abordadas.
Mas em dois mil e vinte também fui atirada aos lobos quando começou esta pandemia mundial que ainda não acabou. Passei mais tempo de máscara na cara do que sem ela, tanto que tive de aprender a sorrir com os olhos e não só com a boca. Passei mais horas dentro de um EPI a transpirar em bica do que aquelas que consigo contar. Tive de me adaptar aos confinamentos, às quarentenas, à sensação de prisão dentro de casa. Não foi um ano bom para a minha saúde mental. Chorei muito por estar frustrada, exausta e todos os sentimentos possíveis para descrever o que é viver numa pandemia.
Despedi-me de colegas que partiram para outros voos e que, junto com elas, levaram um bocadinho de mim. Mas deixaram tanto delas comigo que nem consigo ficar chateada. Vi o Chiado vazio. Fui ao Nicolau tantas vezes que se tornou um favorito para comer panquecas. Continuei a usar meias divertidas e fiz com que as minhas colegas entrassem nessa onda. Passei o Natal a trabalhar e o Ano Novo em casa. Ficam os bons momentos.
Obrigada, dois mil e vinte. Vem daí, dois mil e vinte e um. As expectativas estão baixas para ti.
—-
Deixar um comentário