Dois mil de dezanove foi um ano, no mínimo, atípico. Passei mais tempo dentro de um hospital do que fora dele, entre turnos da tarde e da noite e muito cansaço à mistura.
Não viajei tanto como queria, mas consegui fazer uma viagem lá fora, ainda que repetida. Tirei a carta de condução. Acabei a minha licenciatura. Inscrevi-me na Ordem dos Enfermeiros e comecei a trabalhar.
Assinei contrato em Agosto para trabalhar na área que eu sempre quis e ai soube que o Universo retribui aquilo que lhe damos. Fiz vinte e seis anos e celebrei como quis. Li pouco. Mas fui muitas vezes ao cinema e ouvi cerca de trinta e cinco mil minutos de música. Sai oficialmente de casa dos meus pais. Vim morar sozinha para Lisboa. Fui dois dias ao Sudoeste. Joguei imensos jogos de tabuleiro.
Comprei um telemóvel novo e fiz um upgrade na minha máquina fotográfica. Ainda estou a vender a antiga. Fotografei alguma coisa, mas não o suficiente para ficar satisfeita. Não investi muito nos meus hobbies porque andava (e ando exausta). Comi comidinhas boas, aqueci-me com o sol, em vez de praia fui à barragem e percorri um bocadinho mais daquele Alentejo como forma de despedida: de Vendas Novas a Estremoz a passar sempre pela casa de partida.
Conheci pessoas novas em estágio (e fora dele) que me vieram acrescentar mais felicidade. Fortaleci laços antigos. Continuei – e continuarei – sem beber álcool e a adorar. Passei a beber Coca-Cola Zero. A comer menos batatas fritas e mais saladas. Aprendi a gostar de batata doce de todas as formas. Conheci melhor a Margem Sul. Aprendi a orientar-me em transportes como ninguém. Morreu o meu cão, mas tenho uma fita de finalista na minha capa dedicada a ele que ainda me faz chorar como uma desalmada.
No geral, em dois mil e dezanove, ri mais do que chorei. Acho que é um balanço positivo. Comprei uma cama nova. Em dois mil e vinte acabo de mobilar o quarto. Apareceram-me cabelos brancos. Continuei a manter a franja. Cortei o cabelo pelos ombros mais uma vez. Mudei de óculos. Comecei a pagar pelo Netflix e não a pedir aos outros. Recebi o meu primeiro subsídio de Natal e de férias.
Passei o primeiro Natal fora de casa e a trabalhar. Foi diferente, mas não foi assim tão terrível como pensei. Se calhar para o ano custa-me mais.
Dois mil e dezanove foi bom. Ainda que atípico. Cheio de trabalho e escasso em tempos livres. A dever horas à cama com as olheiras a crescer. Mas foi bom. E este ano decidi-me focar apenas e só nisso. E chega.
Obrigada, dois mil e dezanove. Vem daí, dois mil e vinte. Que comece os roaring twenties.
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PatríciaMorais diz
Foi um ano de superação. Parabéns Ana