Durante esta quarentena e este estado de emergência, as pessoas fizeram de tudo para se ocupar. Umas dedicaram-se à padaria, outras à doçaria, crochet, exercício físico, o que fosse. Já eu decidi que era uma boa ideia aprender a tocar ukulele.
Vou-vos dar um contexto: não sei tocar nenhum tipo de instrumento. Tive aulas de música na escola onde aprendi a tocar flauta de bisel, ainda tive aulas de teoria musical na sociedade filarmónica da minha terra para aprender a ler pautas e evoluir para um instrumento (que nunca se veio a verificar) e, basicamente, é isto.
Tanto que quando comecei a ver cada vez mais pessoas a tocar ukulele comecei a ficar intrigada e com essa vontade na cabeça. Nunca fiz nada para aprender… até agora. Podia culpar o estágio, o trabalho e mais mil e uma situações (que são válidas) mas, a verdade, é que não me sentia capaz de aprender a tocar fosse o que fosse. Nunca fui muito coordenada de mãos.
Até que vi aquele fatídico episódio de How I Met Your Mother, em que vemos a mãe, a tocar no ukulele uma das versões mais bonitas que ouvi de La Vie En Rose. Pouco tempo depois, os Twenty-One Pilots fizeram a mesma brincadeira mas com uma das minhas músicas favoritas do Elvis: Can’t Help Falling In Love. E, a partir dai, comecei a ver a possibilidade de fazer isso acontecer. Passaram três anos.
O NATAL QUE MUDOU TUDO
O ano passado meti na cabeça que, agora que tinha tempo porque já não estava na faculdade – AHAHAHA –, devia aproveitar para me dedicar a outro hobby. Qual? Aprender a tocar um instrumento. O ukulele pareceu-me o mais lógico apesar de sempre ter querido aprender a tocar violino.
Claro que não comprei nenhum ukulele. Porque eu gosto de marinar as ideias durante algum tempo só para garantir que não estou a ser parva. E marinou. E continuou a apurar o sabor até que declarei, na minha wishlist anual de Natal que sim, senhora, queria um ukulele. E ele veio mesmo parar cá a casa, patrocinado pela pessoa que já sabem.
E achei-o muito giro, mas deixei-o a um canto por uns tempos porque, afinal, não tinha assim tanto tempo livre como pensava apesar de já não estar na faculdade.
ABORRECIMENTO NUMA QUARENTENA
Quando o País e o Mundo pararam devido à pandemia muita gente se viu com muito tempo entre mãos. Até eu, que mesmo a trabalhar com um bocadinho mais de intensidade e frequência, dei por mim a ter tempo para matar. Li muito. Pus basicamente todas as séries em dia e, no dia em que já não tinha mais para ver e que a biblioteca do Netflix me parecia aborrecida, olhei para o canto do meu quarto, onde estava o ukulele (até agora intocado) e decidi que era a altura ideal.
O mais próximo que tive de saber tocar guitarra (ou qualquer tipo de instrumento de cordas) foi quando um colega meu do ensino básico me ensinou a introdução do Nothing Else Matters dos Metallica na guitarra. Foi o meu orgulho (e o meu truque de festas) durante anos. Não percebia nada sobre acordes, sobre progressões, sobre tocar uma música do início ao fim. Nada de nada. E foi custoso.
O meu cérebro é uma mistura entre exactas e humanas. O meu lado criativo, até à altura, era escoado através da fotografia e deste blog. Mas se sobrestimei a dificuldade que ia sentir a aprender a tocar isto? Claro que sim. Se adorei? Não. Mas tornou tudo muito mais emocionante.
QUE MATERIAIS USEI PARA COMEÇAR A APRENDER?
Nabiça neste assunto como sou, fiz como qualquer millenial que se preze… e fui ao YouTube.
Sabiam que existem imensos professores de ukulele pela plataforma? Eu também não sabia e fiquei ligeiramente espantada (apesar de não ter de ficar). No entanto existiram três que se destacaram e que me ajudaram nesta demanda digna de Excalibur.
1. BERNADETTE TEACHES MUSIC
Foi com a Bernardette que aprendi os básicos mais básicos de todos: os quatro principais acordes, o strumming, como ler pautas, como ler as notas. Foi com ela também que aprendi o posicionamento de mãos mais correcto e como passar de um acorde para outro sem me engasgar ou atrapalhar pelo meio.
2. ELISE ECKLUND
Quando me senti minimamente capaz de fazer os básicos no ukulele, foi para a Elise que fui a seguir porque ela tem toda uma série em que ensina versões fáceis de canções conhecidas no ukulele e também tem uma playlist (gigante) de dicas. que eu fiquei fã. Todos os grandes êxitos que sei tocar, é graças aos tutoriais da Elise, das suas dicas e da paciência que ela tem de explicar as mesmas coisas trinta vezes ao longo do vídeo.
3. THE UKULELE TEACHER
Este canal também nos ensina imensas canções. Ao contrário da Elise, o The Ukulele Teacher tem playlists de canções com várias dificuldades, vários artistas como Ed Sheeran, Taylor Swift e The Beatles e muito mais. É explorarem, que encontram qualquer coisa para vocês, de certeza. Ele não canta bem. De todo. Mas é um bom professor!
FENDER PLAY
Ainda durante a quarentena, a Fender, que ainda o ano passado criou uma plataforma online para ensinar a tocar guitarra, baixo e ukulele, decidiu oferecer três meses grátis do serviço. Eu, que adoro uma boa promoção como qualquer pessoa, aproveitei, pois claro.
A parte porreira do Fender Play é que podemos ir evoluindo ao longo das lições. Existem cinco níveis, bem explicados com professores competentes e material de apoio. Podem sempre repetir as aulas quantas vezes quiserem, se não perceberem alguma coisa há um fórum para tirar dúvidas. Também aprendem a tocar músicas, das mais clássicas às mais contemporâneas. Há mesmo de tudo, para todos, e eu, apesar de só ter descoberto esta pérola depois das minhas aulas no YouTube, fiquei grata… porque ainda aprendi imenso.
FENDER TUNE
E porque eu não podia ter um ukulele normal – sou eu –, veio-me parar às mãos um da Fender. Que não tem a cabeça clássica igual aos outros todos. Quando descobri que a marca tinha uma aplicação para o iPhone que era um afinador específico para coisas deles… instalei e caramba, finalmente! Era uma luta utilizar afinadores diferentes. Este é simples, eficaz e faz bem o trabalho.
EM RESUMO…
Já não sou um cepo a tocar. Se fosse responsável para tocar alguma coisa num acampamento em frente à fogueira, eu já podia ser essa pessoa apesar de ainda ter um repertório muito limitado 😂
Tanto que já fiz um mini-concerto nos meus stories e até acho que correu bem. Os próximos passos são melhorar a técnica, aprender mais acordes e elevar a dificuldade das músicas que aprendo. Seguimos firmes 🤟🏻
Alguém ai desse lado que toque ukulele ou qualquer outro instrumento? Têm dicas?
ineslr diz
“O meu cérebro é uma mistura entre exactas e humanas.” Identifico-me tanto com isto, aliás todos os meus testes psicotécnicos deram isto.
Acho muito giro tocar ukelele 🙂
Os devaneios da Tim diz
La vie en Rose em Ukelele é qualquer coisa de outro mundo, espero que toques um dia para os teus filhos 😉