“The good thing about sins is they don’t have to be atoned for immediately”
― Colleen Hoover, Verity
Pronto, eu sei. Parece que só sei fazer reviews de livros da Colleen Hoover mas não consigo evitar, é mais forte que eu. Esta mulher tem a capacidade de me fazer ler os livros dela sem questionar, de gostar deles e de querer falar sobre eles.
Desta vez decidi dar mais algum tempo entre o fim da leitura deste livro e a escrita desta review para as minhas ideias marinarem. Para conseguir compreender bem aquilo que li, juntar teorias com mais pessoas e… tentar não fritar a pipoca. Porque caramba, Colleen, conseguiste. De novo. Deve ser chato seres tu.
BOOK OVERVIEW
O trabalho da Colleen Hoover não é novo para mim, já li praticamente todos os livros que ela lançou e não existe um que não me faça sentir todas as emoções que ela quer. Ela é uma mestre no que toca a brincar com os fios que puxam o nosso coração e com as sinapses do nosso cérebro. Seria de esperar que tantos livros dela depois já estaria aborrecida da fórmula (em modo José Rodrigues dos Santos e Dan Brown que, para mim, melhoraram imenso nos últimos livros que ambos lançaram), mas não. Porque a fórmula dela NUNCA é igual. Quando pensamos que sabemos o que vai acontecer e onde a história vai parar… bam! É completamente o oposto. E faz todo o sentido para a narrativa.
Agora imaginem a seguinte cena a desenrolar na vossa cabeça: a Ana (eu, já agora), a ir de patins para um consultório de psicoterapia, com óculos de sol, uma piña colada na mão e chegar lá e pousar o livro em cima da secretária da médica e dizer que temos muito para falar. Imaginaram? Ora então sentem-se.
Se estiverem indecisos entre ler este livro e brincar com um daqueles tabuleiros de Ouija para conjugarem um demónio… é igual. O sentimento vai ser o mesmo. Acabei este livro completamente drenada – de vida e de energia – e tenho estado a tentar, desde então, esquecer aquele final, parti-lo para fazer mais sentido. Mas a minha cabeça tem andado um turbilhão porque apesar de me ter preparado antes de começar a ler, aquilo que li estava bem longe daquilo que imaginei.
Este livro conta a história de Lowen Ashleigh que é contratada por Jeremy Crawford para ser a ghostwhiter de uma série de livros bastante populares escrito pela sua mulher, Verity, que não tem como os terminar porque sofreu um acidente. A nossa heroína acha que isto é uma oportunidade fantástica e que ajudaria a dar um empurrão na sua carreira. Até que ela descobre, no escritório de Verity, a sua autobiografia. Estes são os três personagens principais e a narrativa gira muito à volta deles. Temos algumas personagens principais, mas nenhuma com relevo suficiente. Não acrescentam muito à narrativa, mas servem o seu propósito de ajudar a guiar a história.
Eu gosto de livros que metem em causa as minhas preferências literárias, que me apanham desprevenida e que me mantêm alerta. O Verity não era NADA do que estava à espera, e adorei-o por isso. Não li nada sobre ele antes de o começar mas, tolamente, pensei que fosse mais um livro típico da CoHo. Nunca fiquei tão feliz na vida por estar redondamente enganada relativamente a algo como estive relativamente a este livro.
O Verity, no início, devia vir com um aviso: não ler de noite se estiveres a tentar dormir.
STORY OVERVIEW
Este livro é diabolicamente inteligente e um turbilhão de emoções: vão sentir medo, vão sentir nojo, vão sentir amor, revolta. Pensem numa emoção que é 100% que a vão sentir. Os personagens parecem que estão numa casa de espelhos em que está tudo estranhamente vazio enquanto a Colleen nos atrai para a história, faz os seus truques e nos atira para obstáculos que sabemos que não queremos ter, mas temos de bom agrado.
Ela maneja os seus personagens instáveis de forma a os considerarmos amigos, de forma a nos atrair para um Mundo onde a ilusão é rainha e o tempo desenvolve-se de forma assombrosa. Nem uma coisa é o que parece, mesmo depois de ter sido revelada. E isto estava escrito na história muito antes de nos apercebermos e, quando o fazemos, é como um carro sem travões: não conseguimos parar as perguntas que nascem disto.
Adorei a energia deste livro: quase incontrolável mas perfeitamente controlada. A CoHo escreve o desconforto e confusão da Lowe com uma mestria incrível que nos faz ter as mesmas sensações e os mesmos receios que ela ao manter-nos “no escuro” como à personagem. Há perigo em todas as páginas. O stress é palpável. Todas as frases que lemos são como uma camada fina de gelo num lago prestes a partir enquanto estamos lá em cima.
E o fim. O caraças daquele fim. Foi como uma chapada com as costas da mão. O Verity não nos oferece solidariedade nenhuma relativamente à verdade a que temos acesso. Mesmo quando estava a ler o último capítulo, depois de ter feito n teorias e plot twists na minha cabeça (e apesar de ter acertado num logo no início do livro porque é difícil enganar uma enfermeira nestas coisas) não estava à espera deste fim. Estava a tentar arranjar sentido numa coisa sem sentido. Tudo o que tinha lido àquele momento soube-me a uma memória falsa. Foi um fim muito agridoce, mas que rendeu muitas discussões sobre este livro no Instagram.
Em conclusão, são por histórias como esta que eu vou ter crises existenciais aos quarenta anos.
Inês Martins diz
Não conheço o livro e ainda só li um da Colleen, mas depois desta review e de outras de livros dela, tenho a certeza que vou devorar todos os outros da autora! E acho que este é já o próximo! Obrigada por aguçares a minha curiosidade desta maneira!
Beijinhos,
https://inescm2.blogspot.com/
Ana Garcês diz
Eu sou super fã da Colleen! De todos os que li dela só houve um que não gostei muito, mas, de resto, todos impecáveis. Ela é aquela autora que eu sei que posso escolher um livro qualquer e há 95% de hipótese de gostar 🙂