Uso óculos desde dos quinze anos. Feitas as contas já são onze anos a usar lunetas como acessório essencial e imprescindível à minha vida quotidiana. Eu vejo muito mal, mesmo. Não digo isto para ser querida ou para ter piada. Vejo mal ao ponto de, sem óculos, se me passarem à frente e me acenarem eu não entender quem são e também não entender que me acenaram.
Dito isto, ao longo destes anos a usar óculos, passei por tudo e mais alguma coisa em oftalmologistas e lojas da especialidade. Desde de pagar fortunas por lentes quanto ainda mal tinha graduação de miopia, desde levar quatro dias à espera que os meus óculos viessem, desde comprar uma armação em separado e mandar pôr as lentes (que começaram a descascar um ano depois e nunca me tinha acontecido). Podem dizer situações caricatas que, em princípio, já me aconteceu.
Quando comecei a trabalhar e tendo em conta que já não ia ao oftalmologista há alguns anos decidi que estava na altura de fazer um check-up. Estava a ver bem, tinha quase a certeza que não ia precisar de graduação nova, que ia só por descarga de consciência. Estando em Lisboa, e não estando familiarizada com sítios onde podia ir tratar disto por aqui, decidi matar a curiosidade num sítio pelo qual passei muitas vezes e no qual nunca acreditei na publicidade: a Chiado Eyeglass Factory que apregoava que tinha os nossos óculos prontos em vinte minutos. Parece muita fruta, não é? Já lá vamos.
A CONSULTA
Uma das coisas boas da Chiado Eyeglass Factory é que a consulta é gratuita e está incluída. Imaginem que vão lá e descobrem que afinal não têm nada? Não pagam na mesma. E não precisam de marcar. Podem chegar lá e fazer.
Eu fui atendida pelo Pedro. Que foi do mais simpático, acessível, profissional e divertido possível. Apesar de eu saber já imensas coisas sobre a minha miopia, o Pedro elucidou-me relativamente a outras coisas e deu-me dicas preciosas para prevenir que a minha graduação galope. Tenho de ir às consultas mais vezes? Claro. Tenho falhado nesse aspecto. O objectivo é fazer com que a miopia estagna, para ser operada.
Se o Pedro me deu más notícias? Deu. Eu pensava que via bem, sai de lá com mais graduação. Serve isto para dizer que: não façam como eu. Vão ao oftalmologista com regularidade só mesmo para despiste. Mesmo que acham que vêem bem.
A ESCOLHA DAS ARMAÇÕES
A loja tem dois andares carregadinhos de armações para todos os gostos, com todos os feitios e para todos os bolsos. Consegue ser um bocadinho assoberbante. Para mim não foi complicado porque eu já sabia o que gosto de usar de gosto de ver. Gosto de óculos redondos, não demasiado sérios mas também não demasiado espampanantes (uma pessoa não deixa de de ser enfermeira e tem que ser um bocadinho sóbria).
Na Chiado Eyglass Factory senti que estava a ter um acompanhamento personalizado porque depois da consulta, somos encaminhados para um dos trabalhadores da loja que nos vai seguindo enquanto vemos todos os modelos que nos agradam. Podem ser dois ou podem ser vinte. Temos uma caixa onde vamos depositando aqueles que achamos que vai funcionar para no fim testarmos todos. A loja tem em stock mais de dez mil armações. Dez mil. É muita fruta. Não testei mas fica aqui o desafio: se forem lá, tentem levar uma fotografia de umas armações que gostem para ver se eles têm. Aposto que sim.
Uma meia hora depois e já com alguns modelos de lado decidi pôr um travão senão ficava por lá a tarde toda. Acabei por optar por um modelo do Miguel Vieira que aliou perfeitamente tudo aquilo que estava à procura.
Mas não escolhi só umas armações para óculos de vista. Aproveitei e escolhi umas para ter, pela primeira vez, óculos de sol graduados. Mais uma vez, escolhi redondos e com um padrão tartaruga a lembrar uns que emprestei – e me perderam – o ano passado no Rock in Rio. Com lentes polarizadas, claro. Que os meus olhinhos são muito sensíveis.
ÓCULOS PRONTOS EM 20 MINUTOS
A publicidade não é mentira. Depois de escolher as armações e de terem sido feitas as medições na lente, a receita é levada para a zona técnica onde acontece a magia. Uma máquina japonesa que só existe nas duas lojas do grupo – a do Chiado e a do Cacém –, transforma o pedaço de vidro nas lentes que nos vão ajudar a ver nitidamente… à frente dos nossos olhos. Para malta que não acha estas coisas nada interessantes, isto é-vos indiferente mas, para mim, que me passo com isto, adorei ver e conhecer todo o processo. Demora mesmo vinte minutos, outras vezes até menos. Dá para darem uma volta pela loja, dá para se sentarem a esperar no sofá, dá para irem ao Chiado beber um café e depois voltar. Podem sair da loja já com os óculos na cara e não têm de passar por aquele período de dois/três dias chato à espera dos vossos óculos novos.
A TRAMA ADENSA-SE…
O Mário de há uns tempos para cá tem-me referido que estava a ver mal. Isto vindo de uma pessoa que sempre se gabou ver bem e que até faz imensas piadas sobre o facto de eu usar óculos. Uma pessoa fica alarmada.
Vai dai, e por ter falado tão bem do sítio, fomos à Chiado Eyeglass Factory fazer a consulta sem compromissos porque estávamos os dois a pensar que ele tinha era a vista cansada. Errado. Muito errado. Não só saiu de lá com uns óculos para usar durante todo o dia, todos os dias, como descobriu que é míope e tem astigmatismo.
E MAIS NOVIDADES?
Imaginem que, por algum motivo, já têm a receita do oftalmologista e só precisam dos óculos. Ou que só querem comprar uma armação (como já fiz) e pôr lentes depois. A Chiado Eyeglass Factory agora já tem loja online e é tudo de bom. Têm lá (não os dez mil) imensos modelos dos quais podem escolher, pagar e receber comodamente em casa caso ir até ao Chiado – ou ao Cacém – vos ficar fora de mão. Eu entendo. A vida acontece e às vezes deixamos estas coisas em segundo plano. Contra mim falo que fiquei dois anos sem ir ao oftalmologista e aconteceu esta surpresa.
No entanto se tivermos uma loja que nos facilita isto, vamos aproveitar, não é? Também acho.
—-
E vocês? Que histórias giras têm com oftalmologistas?
Deixar um comentário