Quando há quatro anos recebi aquele e-mail a dizer que tinha sido aceite na Universidade de Évora não sabia bem no que me ia meter. Tinha uma ligeira ideia de como era a cidade devido a uma visita de estudo com sete anos à Capela dos Ossos que me marcou para o resto da vida mas, a realidade, revelou-se diferente.
Évora foi um porto seguro de tranquilidade e animação. Tem tudo para todos: a animação de Lisboa em dias académicos e a calma do Algarve aos fins-de-semana de Inverno. Évora foi família. Foi trabalho árduo, foi sangue, suor e lágrimas. Foi crescer. Évora foi tudo aquilo que eu precisava que fosse e mais um bocadinho. É estranho como vistas bem as coisas eu não sou de lado nenhum mas acabo sempre por deixar um pouco de mim em todo o lado.
Quando recebi a chamada a me convidarem a ir trabalhar para o Hospital de Cascais e eu aceitei, demorei um bocadinho a compreender o que isso implicaria. Só mais tarde, enquanto metia toda a minha vida em malas (pela última vez, nem que seja por agora) é que compreendi o que iria deixar para trás.
Nunca pensei que deixar Évora me fosse custar tanto, sobretudo porque tenho memórias e histórias em basicamente todos os locais daquela cidade, seja pela faculdade ou pelo lado pessoal da coisa. Évora sempre será aquele cobertor quentinho, numa noite a ver as constelações no Alto de São Bento.
Foram quatro anos, quatro casas, muita coisa perdida entre mudanças, mas uma Ana diferente daquela que em dois mil e quinze pisou pela primeira vez a cidade que se ia tornar um bocadinho dela sem saber.
Na minha vida sinto que pertenci a três lugares, mas tenho um amor especial por Évora por tudo aquilo que me tornei e conquistei por lá.
Voltarei. Não com a frequência com que queria mas sempre que possível. Voltarei um dia, e quem sabe de maneira mais permanente. Como diz a Carolina Deslandes numa das suas muitas músicas: adeus amor adeus, até um dia. Foi incrível pertencer-te durante quatro anos.
Bruna Reis diz
As tuas fotografias emanam sempre qualquer coisa de especial..
Ana Garcês diz
Gosto tanto de ler isso! Sobretudo porque quero que as minhas fotografias contem histórias e não sejam só “bonitinhas” ou da minha fronha!
Obrigada!
Tim diz
Ai rapariga, pq é que tiras fotos tão bonitas
Ana Garcês diz
Ai, vou considerar isso um elogio para lá de bom!
Ines | Wit Konijn diz
Adoro Évora, que por sinal também conheci numa visita de estudo, e tenho pena de não voltar lá com mais frequência.
Que esta mudança te traga muitas felicidades!
Ana Garcês diz
Évora é, para mim, aquele sítio muito simpático em que te sentes em casa mesmo que seja por um dia. Sinto-lhe mais a falta do que estava à espera.
Obrigada!