Sinto sempre um friozinho na barriga quando sei que é tempo de escrever esta publicação porque tenho medo de me esquecer de alguma coisa importante. Já aconteceu e, certamente, continuará a acontecer porque a vida é assim e às vezes, quando juramos a pés juntos que alguma coisa na nossa vida não pode piorar… acabamos por nos esquecer de coisas pequenas e maravilhosas que nos encheram o coração de luz e amor.
Vou tentar não levar isto muito a sério. E vou também tentar não ficar chateada se me esquecer de alguma coisa.
Comecei o ano a falar inglês, em terras de sua Majestade naquela que foi a minha primeira viagem internacional. Fiquei com o bichinho de lá voltar (o que vai acontecer em breve) e nunca pensei sentir-me tão em casa como em Londres. Acabei o ano a falar português, numa unidade de saúde no Alentejo a dois estágios (e meio) de acabar este purgatório que foram quatro anos de um curso de enfermagem (mais sobre isso em 2019) mas não sem antes, num curto período em Julho ter passado dias ensolarados – e encalorados – na Barcelona que o meu coração chamava. Foi um ano rico de experiências, de viagens de – e para – a alma. Que 2019 seja um terço do que este foi.
Passei 67% do meu ano a estagiar, entre camas de hospital e centros de saúde, tanto perto da vida como da morte e cheguei à conclusão daquilo que quero fazer quando tiver o meu certificado e o número da Ordem. Quem área quero seguir. Onde não sei. Mas acho que, com calma tudo se consegue. Descobri um amor incalculável pela obstetrícia e, segundo colegas, eu entrava no turno com um sorriso e saia dele com um ainda maior.
Estive mais vezes doente este ano que o ano passado. Com coisas que já não tinha há anos e que me fizeram pôr muito as coisas em perspectiva, de como tomamos tanta coisa como garantida até que nos falta. Esta foi uma das aprendizagens do ano.
Fui tia três vezes:
- Uma das Cats da minha vida deu-me um sobrinho lindo – o baby M – e, em 2018 tive o prazer de lhe acompanhar a gravidez. É uma honra e um prazer acompanhar o crescimento de um ser humano e tentar, dentro das nossas possibilidades, contribuir de uma forma positiva no seu desenvolvimento como pessoa.
- A Skadi-cão foi a minha sobrinha felina que a outra Cat trouxe à minha vida. Nunca vi uma gata assemelhar-se tanto com um cão como a Skadi e, entre as duas, temos um entendimento.
- Por último, mas não menos importante, a Brownie-cão. Uma cadelinha de resgate que o Gui e a Adri adoptaram e fizeram de mim tia. Ainda tenho pêlos da fofinha na minha roupa preta e almofadas roídas graças à passagem furacão (de dois dias) pelo nosso pequeno apartamento em Évora.
Fiz vinte e cinco anos e passei o meu dia de aniversário num museu depois de ter ido almoçar a um restaurante chinês. Fui ao Rock in Rio e, graças a isso, sai muitas vezes da minha zona de conforto e disse que sim a muitos mais planos. Foi a quarta edição do Bloggers Camp. Foi o ano dos retratos a pessoas, da descoberta do estilo que gosto, de reafirmar o meu negócio, de ponderações, de oportunidades, de portas que abriram e de outras que fecharam.
Matei um computador em 2018 e também me roubaram um telemóvel, logo a mim que nunca perdi nada.Continuo à espera das notas das frequências que fiz há quase três meses. Foi um ano de frustrações, decisões, combustões em que tanto chorei de exaustão como de irritação e frustração por estar de pés e mãos atadas em tantas mas tantas circunstâncias das quais não tinha controlo.
Foi um ano em que ganhei voz – a minha – e manisfestei-me contra aquilo que achava mal, comecei a partilhar as minhas opiniões e a deixar de aceitar e calar quando está nas minhas mãos agarrar o Mundo pelos colarinhos e agitá-lo um bocadinho para ver se isto muda. E esta foi outra das aprendizagens do ano.
Mas fui tão feliz, porra. Tão ridiculamente feliz que até tenho medo de pedir o mesmo para 2019 com receio do Universo dizer que estou a gozar com a cara dele. Continuo sem me lembrar de metade do que aconteceu em 2018 e não faço promessas que vá mudar para o ano, mas posso sempre manter um journal e ir apontando – seria um exercício bonito.
Foram tantas coisas em 365 dias que nem sei para onde me virar. Mas estou grata. Estou apaixonada. Tenho amor. Tenho livros. Tenho pôres-de-sol. Tenho as pequenas coisas que me fazem feliz e não podia pedir mais. Se tiver isto em 2019… sou feliz.
Foi uma viagem do caraças.
Até já, dois mil e dezanove. Obrigada, dois mil e dezoito.
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