Viver ?? Urgente

Recentemente partilhei no Twitter uma trip down memory lane em que mostrei fotografias da minha adolesc??ncia. ?? um bocadinho estranho dizer isto assim mas, a verdade, ?? que algumas delas j?? t??m quase dez anos e que eu – com vinte e tr??s – j?? sou efectivamente uma adulta.

Mais assustador do que a minha adolesc??ncia ter sido h?? dez anos ?? o facto de eu n??o ter dado pelo tempo passar. Quando somos mais novos juramos a p?? juntos que temos todo o tempo do Mundo, que os Ver??es v??o sempre se sentir infinitos e n??o pensamos muito nisso mas, depois, damos por n??s com vinte e tr??s anos a recordar os tempos chatos de treze anos e a perguntar para onde ?? que o tempo foi.
Se eu juro que dos dezoito at?? agora o tempo passou e eu nem dei por ele, ?? igualmente verdade que dos treze aos vinte e tr??s tamb??m nem o vi.

Ao ver aquelas fotografias lembrei-me de tudo. Do que sentia naquela altura, das pessoas que me rodeavam, dos momentos em que aquelas fotografias foram tiradas e…n??o me senti nem um bocadinho triste. ??s vezes ficamos nost??lgicos dos tempos passados mas, a verdade, ?? que j?? passou e eu n??o lhes sinto a falta nem os quero reviver. J?? n??o sou aquela rapariga insegura de treze anos que estava de cora????o partido porque o rapaz pela qual tinha uma paixoneta gostava da rapariga mais bonita da turma e n??o dela, tamb??m j?? n??o sou aquela rapariga que usou eyeliner com dedica????o e gastou tr??s l??pis pretos para olhos num ano ?? conta dessa brincadeira. J?? n??o sou aquela que s?? usou branco, preto e vermelho durante dois anos – e um casaco durante o mesmo per??odo de tempo, religiosamente, todos os dias at?? que um tipo da minha turma perguntou se n??o tinha mais nenhum – e que se recusava a sorrir para as fotografias porque tinha de mostrar que estava angsty por dentro. Nem aquela que s?? usava preto mas cujo telem??vel era cor-de-rosa choque (coer??ncia). Para n??o falar tamb??m do facto de achar que era porreiro escrever lyrics de m??sicas dos Bullet For My Valentine por cima de fotografias da minha cara (com o dito eyeliner usado com dedica????o e a roupa preta du jour). Em minha defesa…era dois mil e sete e, naquela altura, aquilo era considerado porreiro.

H?? muita coisa que j?? n??o sou. Mas h?? muita que ainda vive em mim. Continuo a gostar de vestir preto da cabe??a aos p??s – mas desta vez sem o risco da minha m??e me deserdar se decidir comprar mais uma pe??a de roupa preta que seja -, troquei o eyeliner preto a derreter pela cara pelo cateye e pelo batom, deixei de n??o precisar de ??culos para precisar de os usar todos os dias a partir dos quinze anos.

As pessoas mudam e n??o podemos ver isso de uma maneira negativa. As pessoas evoluem, os interesses alteram-se (e intensificam-se muitas vezes) e os anos da adolesc??ncia s??o os melhores para descobrirmos quem somos. Aprendi muito sobre mim entre os treze e os dezanove anos e ?? por isso que aquelas fotografias me fizeram rir imenso: pelas mem??rias e por tudo aquilo que lhes associei.

Viver ?? urgente. Documentar os momentos que nos fazem feliz ?? necess??rio. Dez anos passaram a correr, e eu nem dei por eles. Nem quero imaginar o resto da minha vida. Ainda me falta fazer tanto (e j?? tanto fiz tamb??m) e viver muito est?? no topo da minha lista.