Depois da tempestade, o que ?? que fica? Os optimistas dizem que ?? a bonan??a e a perspectiva de um novo come??o – e eu era uma dos optimistas – mas agora sei que n??o ?? bem assim.
Acho que toda a gente ontem acordou com aquilo que eu chamo uma valente tempestade: chuva e trovoada. E ningu??m iria adivinhar o que se passaria dai a algumas horas.
O c??u come??ou a ficar negro – mesmo ao estilo de coisa ruim que se aproxima – e a partir dai eu comecei a viver tudo em c??mara lenta. O primeiro sinal de alarme soou na minha cabe??a quando mesmo ?? minha frente vi raios a cair e a criarem pequenos fogos numa ??rea de mato. Depois a press??o aumentou e para mim respirar tornou-se dif??cil. A minha m??e de olhos bem abertos e a agitar as m??os sem saber o que fazer ouviu as minhas palavras balbuciadas para sair de perto das janelas e de se refugir num dos s??tios mais seguros que temos em casa – o corredor. E depois a escurid??o abateu ainda mais e o assobio amea??ador do vento ecoou nos meus ouvidos de forma violenta. A press??o aumentou ainda mais que eu soltei um grito. O pior tinha passado, eu tinha parado de tremer e compus-me. Naquele momento n??o ouvia nada, estava na minha bolha segura e quente.
A bolha rebentou a partir do momento em que abri a porta de casa – e mal sabia eu que aquele passo que dei seria um dos maiores desafios que alguma vez tive – e sai da seguran??a que esta me dava para a incerteza e destrui????o que se apresentava ?? minha frente.
Jornal DN |
Nada de preparou para o que ia ver. As minhas vizinhas de esfregona e vassouras na m??o a varrer a ??gua e os vidros, a grande janela do corredor do meu andar toda partida e l?? em baixo uma das bicicletas que estava encostada a ela no ch??o. A porta de entrada no pr??dio toda aberta, o hall de entrada todo sujo com lama, peda??os de ??rvore e pedras. Na rua a desgra??a foi maior. Todos os carros estacionados tinham vidros partidos, os candeeiros da luz estavam destru??dos, peda??os de varandas de pessoas, telhas, roupas, pedras e vidros espalhados pelo per??metro. Um dos sons que marcou o dia de ontem foi sem d??vida o som cortante dos vidros a tocarem no metal das p??s que os limpavam do ch??o.
Andando pela vizinhan??a as coisas em vez de melhorarem s?? pioraram. Entre carros capotados e muros ca??dos o que mais me espantou foram as pessoas. Quando sa?? ?? rua tinha na minha cabe??a que iria fazer tudo o que podia para ajudar, mas nesse momento eu era in??til. O que pude fazer, fiz. Acompanhei e ajudei algumas pessoas ainda desorientadas para locais mais seguros – encaminhando as que precisavam de cuidados m??dicos para os postos montados e as outras para o caf?? mais pr??ximo para um copo de leite quente e algum conforto. Estive constantemente com um n?? a prender na garganta e as l??grimas a amea??ar cair. Quanto mais via pior ficava.
As for??as de interven????o foram muito r??pidas na assist??ncia aos feridos e a qualquer pessoa que pedi-se apoio e a comunidade esteve mais unida que nunca. Com o cair da noite a chuva ao de leve continuou a cair, a luz faltou e os trabalhos por largos minutos pararam.
Jornal iOnline |
Estou privada de sono, porque o pouco que dormi, dormi mal. Assim que fecho os olhos vejo tudo a desenrolar vez atr??s de vez em c??mara ainda mais lenta na minha cabe??a, fa??o os cen??rios poss??veis se alguma vari??vel no dia de ontem tivesse sido diferente – e podia ter acontecido muita coisa diferente. O som das ambul??ncias ainda n??o parou, j?? aterraram v??rios helic??pteros aqui perto, as serras el??ctricas ainda n??o pararam de cortar as ??rvores que morreram ontem ao serem violentamente arrancadas da terra e os destro??os esses ainda n??o desapareceram.
Hoje o sol brilha e d?? esperan??a a quem ontem se foi deitar sem saber o que fazer daqui para a frente. O cen??rio est?? melhor mas continua tudo muito mau. Eu recuso-me a ir ?? janela porque infelizmente tenho vista privilegiada para a destrui????o tendo em conta que moro mesmo no centro de onde tudo aconteceu.
Depois da tempestade o que ?? que fica? O medo. A incerteza. A destrui????o.
At?? jazz,
Sofia Duarte diz
Oh, muita for??a querida*
Sofia diz
Que situa????o horr??vel. Espero que fiques bem.
miii diz
?? mesmo horr??vel… For??a querida, espero que tudo melhore*
Carolina diz
Espero que esteja toda a gente bem a?? por casa!
Patricia Marinho diz
For??a, vai tudo correr bem!
Sei que j?? deves tar farta de ouvir isto porque o que as pessoas querem ?? ver as melhorias, mas v??o haver acredita, vais poder dormir descansada. Beijinhos
Camila Peter diz
As not??cias chegaram por aqui…
Espero que estejam todos bem! Tenha muita for??a que logo tudo voltar?? a ficar bem!
Beijinhos! **
Filipa diz
Tambem fiquei super assustada…n??o sabia que ??s de Silves:) moramos perto uma da outra.
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