Quando comecei a tirar a carta de condução algures em Maio deste ano, achei que todo o processo ia ser mais difícil do que na realidade foi: primeiro porque não a estava a tirar com dezoito anos como a maioria das pessoas, depois porque estava a meio de estágios e quase a acabar o curso e depois porque achava que me ia fazer confusão toda a logística de pedais, volante e mudanças.
A transição foi tranquila e isso devo-o ao André, o instrutor-maravilha. Nas primeiras aulas ele foi-me dando o controlo do carro devagar. Na primeira controlei só o volante, na seguinte o acelerador e por ai fora até ser eu a controlar o carro na totalidade. Nunca me senti desamparada. Ele deixava-se sempre confortável e foi o próprio André a dizer que mais valia fazer erros agora que ele podia ajudar-me do que depois, quando fosse eu sozinha na estrada.
Uma das coisas que ele me disse é que era demasiado prudente e que isso, apesar de ser bom até certo ponto, podia revelar-se uma coisa difícil de perder se não começasse já. Prudência sim, sempre. Mas se empata trânsito não, nunca.
A minha maior dificuldade era utilizar a caixa de velocidades e o meu maior medo era andar depressa. Conto pelos dedos de uma mão as vezes que meti a quinta e a sexta mudança no carro (e uma delas foi no exame de condução) porque, na minha cabeça, quando mais alta a mudança mas depressa andava o carro e eu tinha medo. Uma das minhas vitórias foi conseguir andar a 100km/h numa zona de 120km/h. Se fiquei nervosa e a transpirar do bigode enquanto o fazia? Sem dúvida. Se só relaxei quando voltei a entrar em Évora e consegui andar numa velocidade para mim confortável? Confere. No entanto informo que já não tenho medo da caixa das mudanças 😂
Outro momento caricato foi quando o André me põe a conduzir na recta que vai de Évora para Montemor e me diz, muito solenemente que só me manda voltar para trás quando conseguir meter a sexta mudança naquela estrada e quando conseguir andar a mais de 50km/h. Se fosse preciso íamos até Montemor. Mas que ele não ia desistir. E assim foi.
Quando pesquisarem uma escola de condução, tentem falar um bocadinho com os instrutores primeiro, para entenderem se as vossas personalidades funcionam juntas, se eles têm o vosso melhor interesse em pensamento e se são os profissionais indicados para vos ajudar a ultrapassar qualquer tipo de dificuldades que possam vir a ter. O André foi isso tudo para mim. Não só me ajudou a sair da minha cabeça, como também não o fez parecer uma tarefa, teve paciência, viu os meus limites, aceitou e arranjou estratégias para os ultrapassar. Se eu tivesse tido um instrutor com uma personalidade completamente diferente e sem paciência para os meus dramas… não estava agora aqui a dizer-vos que tirei a carta.
Em conclusão: há coisas na vida que não vale a pena apressar. Acho que a carta de condução é uma delas. Não se sintam pressionados para a tirar aos dezoito, porque toda a gente o está a fazer, se sentirem que nenhuma escola de condução é o fit certo para vocês. Só vai contribuir para sentirem mais stress, para não estarem felizes e para que, na pior das hipóteses, invistam dinheiro e desistam a meio. Já vi acontecer.
Se são de Évora – ou estudam em Évora – aconselho, de olhos fechados a escola de condução D’El Rei. Tenho zero coisas más a apontar e só tenho mesmo coisas boas a dizer.
A LER: Porque escolhi a minha escola de condução? // Dicas para o exame de código
Dois meses depois, de carta oficialmente na mão… acho que repetia tudo outra vez 🥰
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