“I know the thought of confronting your past terrifies you. It terrifies every man. But sometimes we don’t do it ourselves. We do it for the people we love more than ourselves.”
― Colleen Hoover, Ugly Love
Acabei de ler este livro há dez minutos. Dez. E decidi começar a escrever esta minha opinião o mais rapidamente possível para garantir que não me ia esquecer de nada daquilo que queria dizer. Não costuma acontecer mas também nenhum livro (para além do It Ends With Us) me deu esta vontade. Nem vou dizer em quantas horas o li para aparentar que tenho algum tipo de vida social – li o livro em 10h, pronto!
BOOK OVERVIEW
O trabalho da Colleen Hoover não é novo para mim, já li praticamente todos os livros que ela lançou e não existe um que não me faça sentir todas as emoções que ela quer. Ela é uma mestre no que toca a brincar com os fios que puxam o nosso coração e com as sinapses do nosso cérebro. Seria de esperar que tantos livros dela depois já estaria aborrecida da fórmula (em modo José Rodrigues dos Santos e Dan Brown que, para mim, melhoraram imenso nos últimos livros que ambos lançaram), mas não. Porque a fórmula dela NUNCA é igual. Quando pensamos que sabemos o que vai acontecer e onde a história vai parar… bam! É completamente o oposto. E faz todo o sentido para a narrativa.
Comecei a ler os livros da CoHo (para os amigos) em 2015, mas parece que foi há mais tempo que já li muito do trabalho dela nos últimos três anos. Dizer que é uma das minhas autoras contemporâneas favoritas é como dizer que gosto muito de respirar e de comer (e eu gosto mesmo de comer). Portanto leio todos os livros dela com expectativas altas. No pressure.
Como disse mais acima, li este livro em 10 horas. Levantei-me para fazer chichi a certa altura e almocei e… foi só isso. Estava fascinada, colada, rendida e tinha de acabar o livro. Precisava de saber o que fazia do Miles um verdadeiro douchebag (para usar o termo técnico) às vezes e o namorado perfeito nas outras. Eu precisava de conhecer o lado feio do amor e caramba, se conheci.
Demorou um bocadinho para eu entender aquilo que realmente achava sobre o Ugly Love. Os meus sentimentos pelo Miles e pela Tate são muito ambíguos.
É fácil ver a Tate como uma cobarde, um objecto, uma pessoa que gosta de ser feita gato sapato. Mas também é fácil conseguirmos-nos identificar com ela porque, de certeza, numa certa altura da nossa vida, já fizemos coisas por alguém que para nós fazia todo o sentido mas que, para as pessoas à nossa volta não fazia sentido nenhum. Se eu fosse amiga dela tinha-lhe dado, claramente, o discurso do “tu mereces melhor e mais vale partires para outra”, mas é fácil falar quando estamos de fora. Quando somos os espectadores. É mais difícil metermos-nos no lugar daquela pessoa e admitir que, se fosse connosco, teríamos feito os mesmos erros.
Da mesma forma que é fácil ver o Miles como uma pessoa distante. Ele não quer uma relação com a Tate, ele quer uma anti-relação com ela. As relações são uma daquelas coisas que tendem a não ser estáticas – acabam sempre por ir para uma direcção ou para outra. Tive mais dificuldades em compreender o Miles do que a Tate mas mesmo não conseguindo compreende-lo, consegui entender o lado dele.
Ambas as personagens são imperfeitas e partidos. A Tate menos que o Miles, mas eu gosto de pensar que já toda a gente vem pré-partida devido àquilo que já passou (ou não na vida), pelo menos até uma certa extensão e que a pessoa certa é a única que tem o nosso tipo de cola especial para nos voltar a colar os pedaços.
As suas imperfeições funcionaram bem um com o outro a partir do momento em que conseguiram comunicar a sério. E é isso que, para mim, faz bons personagens.
ROMANCE OVERVIEW
A história não muitas reviravoltas que me fizessem ficar roídinha. Foi, na verdade, muito directa e objectiva. E isso, para mim, foi o maior plot twist de todos. Fiquei à espera que acontecesse alguma coisa e nada acontecia – mas também não era, de todo, necessário! Para fazer a limonada perfeita só precisamos de limões, tudo o resto é desnecessário. Este livro é a prova de como um caminho directo (visto de dois pontos de vista e num período de tempo de seis anos) consegue dar uma história enriquecedora e realista.
E, ao escrever isto, apercebi-me daquilo que me fez gostar tanto deste livro: não parecia ficção. Não tinha reviravoltas dramáticas, não enche chouriços. É só uma relação natural e bem escrita entre duas pessoas danificadas. E há lá coisa mais próxima com a vida real? E é eloquente. Já li de tudo: de fanfiction ao – supostos – supra sumos da literatura. A escrita da CoHo fica naquele meio-termo onde é incrivelmente bem escrito e estruturado mas não ao ponto de se tornar pretensioso. É muito terra-a-terra, e acho isso importante porque, mais do que isso, e seria muito exaustivo de ler.
É uma leitura difícil de digerir à medida que a história vai progredindo, mas não consegui parar, e ainda bem.
Se estivesse à espera de um livro de romance, penso que teria ficado desiludida. Para mim, o Ugly Love não é um romance, é apenas a vida. E isto mostra a importância de não tentarmos enfiar as coisas em caixas. Ao Miles Davis após lançar o seu estranho álbum “Sketches of Spain” perguntaram-lhe se o álbum era jazz. Ele respondeu que “É música, e eu gosto”. O Ugly Love é uma história, e eu gosto.
E sempre que termino um livro da CoHo o meu coração quer, à força, sair-me do peito. Todas. As. Vezes. Só para compreenderem aquilo que as histórias dela me fazem.
Cristiana diz
Eu gosto tanto dos livros dela! Já os li todos e só quero que ela publique mais, são muito bons
Beijinhos
Ana Garcês diz
Eu já li quase todos! Ela lançou agora um em Julho de 2018, já o leste?
Beijinho!
Inês diz
Já li todos os livros dela até à data (acho que tenho um problema) e fico sempre com o coração apertadinho a sentir todas as emoções e mais algumas. Já chorei a ler este mesmo livro no comboio, um dos pontos altos da minha vida sem dúvida.
Beijinhos!
Ana Garcês diz
Então se tu tens um problema… eu também devo ter!
Compreendo aquilo que dizes de ficar com o coração apertadinho – fico igualzinha e demoro dias a sair da ressaca que o livro deixou!
Bruna Reis diz
Bem, eu ainda não li nada da autora mas fiquei com uma vontade!
Ficará guardado para breve.
Little One diz
Acabei de ler “Five years from now” da Paige Toon e adorei! Não descansei enquanto não o acabei. É como tu dizes, não é um romance, é a vida. Andei a cuscar os outros livros dela, mas tanto falas de Collen Hoover que acho que vou ter que ler este 😉 ahaha Obrigada! xx
http://littleoneoblog.wordpress.com
Ana Garcês diz
Nunca li nada da Paige Toon, acho que vou aproveitar para ler aquele que sugeriste!
Cuidado com a Colleen! Assim que começas vais querer lê-los todos. Mas vou ficar à espera que me digas o que achaste.
Um beijinho!
Little One diz
Vou ver se arranjo o livro em segunda mão nos entretantos (sabes onde posso arranjar?) e começar a ler antes das aulas começarem 🙂 xx
Ana Garcês diz
Em segunda mão não sei, mas a Wook estava com preços muito porreiros nos livros da Colleen 🙂
Little One diz
Vou ver, obrigada ☺️
Cherry diz
Esse é o meu livro favorito dela, precisamente por parecer tão real e cheio de emoção!
A Colleen Hoover é, sem dúvida, uma das minhas escritoras favoritas de sempre (conhecia-a há uns anos através do teu Goodreads).
Beijinhos
http://www.lifeofcherry.pt/